Nas últimas semanas as chuvas voltaram a ser notícia nas mídias em diversas Regiões brasileiras: inundações, alagamentos, deslizamentos, ocasionando muitos danos à população vulnerável. Este fenômeno é algo recorrente em muitas localidades devido a questões estruturais, operacionais, culturais, entre outras.
As medidas preventivas e preparatórias para estes períodos nem sempre são capazes de evitar os problemas, em alguns casos, a influência das mudanças climáticas são evidentes com situações que superam marcas anteriores ou vem de forma jamais vista antes. De outra forma, nos deparamos com situações recorrentes há anos e que os Governos não foram capazes de solucionar, para evitar que as tristes histórias se repitam através de novas fatalidades e aumentando os números de afetados por desastres naturais.
Os problemas consequentes das chuvas deixaram de ser algo pontual para, infelizmente, passarem a ser algo comum na vida das populações mais vulneráveis de algumas cidades. Todo o ano é a mesma coisa: entre os meses de dezembro e fevereiro, os noticiários são tomados por ocorrências relacionadas com transbordamentos de rios, inundação de casas e ruas e deslizamentos, desencadeando uma série de tragédias que, quase sempre, poderiam ser evitadas.
A exemplo desta falta de capacidade de eliminar os riscos, no último dia 14, foi publicado uma matéria pelo jornal Folha de São Paulo falando exatamente sobre a inexistência de plano de redução de risco para enfrentar a temporada de chuvas pela cidade de São Paulo. Apesar da Lei exigir a existência do plano de redução de risco, a cidade não possui, o que inclusive, levou a abertura de inquérito pelo Ministério Público Paulistano. Ainda no Estado de São Paulo, em São José do Campos, na região do Vale do Paraíba, quarto pessoas morreram em decorrência de deslizamentos causados por fortes chuvas.
Em Minas Gerais, dezembro é marcado por se tratar historicamente do mês com maior número de ocorrência com óbitos oriundos de chuvas. Inclusive, neste ano as chuvas provocaram cinco mortes e já afetaram mais de 5 mil pessoas, levando 10 cidades ao estado de emergência como: Sete Lagoas, Belo Horizonte, Diamantina, Muriaé, Viçosa, Santa Rita de Ouro Preto e outros.
No Estado Carioca, ocorreu óbito devido a deslizamentos na cidade de Três Rios, levando moradores de áreas de risco a serem direcionados por equipes da Prefeitura para locais seguros. Se não bastasse os riscos naturais para os cariocas, a situação é ampliada através da crise na saúde pública com o agravante da greve dos funcionários do setor, o que poderá trazer relevantes impactos sociais e respingar nas ações de emergências, no geral.
Nosso país tem períodos críticos muito bem marcados no que diz respeito aos desastres naturais que castiga a população todos os anos. Por mais que vejamos um avanço lento nas políticas de prevenção e resposta para estes períodos, seja para estiagem, ou excesso de chuvas, ainda falta muito para que possamos evitar fatalidades.
Via de regra, as unidades de Defesa Civil Municipais acabam sendo tolhidas devido ao desconhecimento dos riscos e seu real papel. Precisamos criar mecanismos para profissionalizar as unidades de Defesas Civis, desenvolvendo e implantando um plano de carreira para os trabalhadores deste setor, integrar ações e fazer com que este setor tenha seu devido respeito e colocação. Este Órgão não deve ser utilizado apenas como instrumento político e sua notoriedade está além se sua atuação frente às ocorrências, quando tendem a atuar através de medidas paliativas, sem estrutura e conhecimento técnico para este fim.
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