O planeta sofre com o avançar de contaminados atingindo mais de 2 milhões e meio de pessoas e o número de mortes não para de subir, chegando a marcas acima de 170 mil. Na tentativa de reduzir os casos, o mecanismo adotado afim de frear o avanço foi o isolamento social que impacta na economia e, consequentemente, reflete em questões sociais nos municípios.
A população foi forçada a se adaptar a novas realidades que influenciam o seu cotidiano tanto nas questões financeiras, aumentando desemprego e prejudicando empresários, quanto na mobilidade com redução de coletivos e na exigência de medidas de higiene e de segurança.
Neste último ponto, as máscaras começam a tomar um papel crucial na vida da população na tentativa de reduzir a probabilidade de contágio, sendo o uso obrigatório, através de legislações emergenciais, em muitos municípios. Além disso, este recurso passa a ser um material que influencia a reabertura de determinados segmentos comerciais tanto para segurança de clientes no retorno das compras in loco, quanto para o fornecimento de matérias primas para a produção de outras máscaras seja em larga escala ou artesanais, ativando a movimentação econômica em torno de sua produção. Entretanto, sua comercialização acaba limitando o acesso de uma parcela da sociedade que encontra-se vulnerável, geralmente nas periferias. Para estes, o isolamento social vem precarizar a lista de itens prioritários como medicamentos, alimentos, moradia e tantos outros, fazendo com que a máscara deixe de ser uma possibilidade não por escolha, mas por falta dela.
Frente a situações que fazem a população ter de escolher suas prioridades em tempo de pandemia, faz-se necessárias ações que possam viabilizar condições para que estes tenham recursos capazes de manter-se em isolamento, sabendo que, para isso, precisam ter renda para suas necessidades básicas e itens de segurança como máscaras e álcool gel.
É, portanto, urgente a criação de uma estratégia por parte do poder público para auxiliar àqueles que mais precisam, contando com a integração da sociedade, trazendo como protagonistas ações que envolvam diferentes atores e que sejam capazes de atingir as diferentes demandas, que valorize a solidariedade e que, sobretudo, seja o mecanismo fundamental para quem recebe, mas também para quem o realiza.
Embalados pelas tristes notícias e por uma profunda empatia, surgem as redes solidárias para suprir as lacunas deixadas pelo poder público, assolado por essa situação sem precedentes. Esses voluntários doam-se em prol dos seus semelhantes, colocando a si mesmos em risco, a fim de reduzir os impactos, principalmente, nas áreas de vulnerabilidade social. Eles passam horas na produção de máscaras artesanais, fazem campanhas para arrecadar cestas básicas ou álcool gel, oferecem-se para fazer as compras para as pessoas que estão no grupo de risco e não se cansam em nos mostrar que é necessário enxergar o outro, além de si mesmos.
Este vírus trouxe consigo a preocupação, as lágrimas, mas também a reflexão de que a cultura individualista disseminada amplamente pelas mídias e até por modelos econômicos, onde o indivíduo seria capaz de satisfazer-se no consumismo ou através do likes virtuais é, não só fantasiosa, mas equivocada. A iminência da doença, da morte, nos fez sentir o peso do isolamento, a saudade do calor de um abraço e a urgência em demonstrar pelos mais velhos o amor e cuidado a que merecem. Hoje, sabemos mais que antes, que precisamos uns dos outros seja afetivamente, seja numa amplitude maior para a movimentação econômica do país. É preciso estarmos juntos, ainda que distantes.
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