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Foto do escritorDouglas Sant' Anna

Cidades impermeáveis.

A época das chuvas traz danos e insegurança a diversas cidades brasileiras, como Belo Horizonte e São Paulo, devido ao excesso de concreto e a canalização de córregos e, consequentemente, a incapacidade de absorção e escoamento da água, apresentando sinais de impermeabilização do solo que, em sua maioria, são frutos da falta do planejamento e/ou manutenção urbana. Habitações que, permanentemente tornam-se vulneráveis a enchentes, inundações e alagamentos e aos deslizamentos de terra, que afetam principalmente comunidades carentes de forma recorrente.

O Plano Diretor tem a finalidade de orientar a ocupação do solo urbano, sendo o principal instrumento para regulamentar ações que vão do saneamento básico a permeabilidade do solo, como o aprovado no dia 05 de fevereiro em Belo Horizonte, e tão discutido nas últimas semanas na capital mineira. Entre as estratégias previstas no Plano está a possibilidade de ampliar as chamadas conexões ambientais viárias: corredores verdes com potencial para aumentar a capacidade de drenagem da água da chuva. O plano diretor necessita ir além de uma perspectiva urbanística, deve integrar a questão urbana, a proteção ambiental e a tutela social, além da inclusão do gerenciamento natural de inundações de forma a oferecer uma abordagem sustentável visando complementar técnicas tradicionais de “engenharia rígida”.

Entretanto, esta proposta não é a única que implica na capacidade de absorção e ocupação do solo como instrumento de redução de impacto das chuvas, há diversas outras que tramitam pelo Senado que visam assegurar medidas de prevenção de enchentes, deslizamentos de terra e eventos similares através de delimitação das áreas, diretrizes para o sistema de drenagem, sistema de áreas verdes, planos de contingência, bem como sistema de acompanhamento e controle.

Os mesmos problemas em decorrência das chuvas, se repetem em várias localidades pelo mundo que também sofrem com enchentes e inundações e tem causado tragédias nas últimas décadas. Para enfrentar ou até mesmo evitar que se tornem catástrofes, profissionais urbanistas adotaram novas medidas afim de garantir a drenagem da água, criando o conceito de cidades-esponjas, adotando parques alagáveis, praças-piscina e telhados com jardins já implantados em cidades chinesas, europeias e americanas, em vez de apenas se basear nas velhas bocas de lobos e encanamentos.

Os fenômenos causados pelas chuvas trazem muitos impactos, prejudicando a sociedade através de diversas problemáticas e colocando em risco a vida de sua população e fauna local, e com o escoamento rápido da água ainda causa erosões no solo modificando a geografia. Seus reflexos também são sentidos na mobilidade, interferindo no uso econômico das terras, na agricultura, gerando danos estruturais em vias, no abastecimento de energia, água e esgoto trazendo severas complicações e danos materiais além da possibilidade de danos imensuráveis através da perda de vidas.

Obviamente, as soluções vão além de adoção de corredores ecológicos ou desassoreamentos dos rios, mas a implantação de um conjunto de medidas para ampliar a capacidade de absorção das águas de forma a evitar que, apenas corram para os rios aumentando seu volume. Há de se investir, imprescindivelmente, na conscientização da população em relação a ocupação do solo e descarte de resíduos de forma a evitar a obstrução das vias utilizadas para o escoamento das chuvas - que serão cada vez mais severas com a mudança climática e o aquecimento global.

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