Depois da lama, veio o fogo e agora o óleo. Vidas em risco!
- Douglas Sant' Anna
- 29 de out. de 2019
- 3 min de leitura
Após um mar de lama atingir o ecossistema de diversas cidades em dois Estados e incêndios transformarem matas e florestas em cinzas, no dia 30 de agosto, inicialmente na costa de uma cidade Paraíba e em seguida se espalhando a diversas outras praias do Nordeste atingindo mais de 2.000 quilômetros de litoral em 78 cidades nordestinas, surgiram manchas de óleo cuja a origem e a causa não foram definidas. Os oceanos foram acometidos de uma onda negra de óleo fazendo com que a natureza seja castigada severamente o que, consequentemente, trará resultados a curto, médio e a longo prazo afetando inclusive toda sociedade.
Na Bahia, ao surgimento das primeiras manchas no início de outubro em praias na divisa com Sergipe, levaram decretou-se estado de emergência e, posteriormente, a implantação do “Comando Unificado de Incidentes”, grupo composto por representantes do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Superintendência de Proteção e Defesa Civil do Estado (Sudec), Bahia Pesca, Ministérios Públicos Federais e Estaduais, Instituto de Biologia e de Geociência da Bahia (Ufba), e representantes de todas as prefeituras de cidades litorâneas do Estado.
Como em outros tipos de ocorrências provocadas por diferentes causas, a demora para implantação e a falta de preparo resultantes da ausência de treinamentos e simulados para uma possível ocorrência envolvendo os principais atores que serão acionados, trará impacto direto em todo o processo, colocando em risco a qualidade das ações e refletindo em diferentes camadas sócio ambientais, econômicas, de saúde, dentre muitas outras.
Frente a urgência da situação, novamente os voluntários assumem seu “papel” demonstrando habilmente sua importância, não apenas na realização dos trabalhos, mas com a sensibilidade com que o realizam, travando uma luta contra o tempo e o desconhecido. Em alguns casos, trabalham sem o conhecimento adequado e o devido preparo, além da falta de equipamentos próprios, colocando em risco sua saúde para salvar o que para eles é importante e acreditam ser o certo.
Desta forma, podemos comprovar a relevância das preparações, tornando-as parte do cotidiano e desenvolvendo a capacidade de respostas ágeis com a devida clareza de todos os recursos (humanos e materiais, próprios e/ou de terceiros) a serem empregados frente aos cenários como os da “Mancha Negra”, “Mar de Lama”, “Lama Invisível” e muitas outras que nos venha a assolar.
Contudo, em meio a mais esta tragédia retoma-se a discussão da importância dos Planos de Contingência, inclusive no que trata de vazamento de óleo. No Brasil, estão previstos em lei três Planos de Contingências para combater e devem ser acionados de forma complementar: Individual (PEI), de Área (PA), Regional (PR) e Nacional (PNC), de forma a evitar que os animais sejam atingidos. Mas não basta criar os planos se não houver investimento na prevenção, na preparação e na resposta, capacitação e treinamento das equipes, disposição de equipamentos e materiais apropriados para diminuição dos impactos, neste caso, conter e recolher as manchas de óleo evitando contaminação.
Devemos transformar o processo de proteção e defesa civil em mais que documentos criados apenas para serem aprovados por órgãos, mas em um manual testado, efetivado e atualizado, contendo uma série de informações praticas para a execução de ações abrangendo os trabalhos de contenção e recolhimento, o estudo do deslocamento, identificação e proteção das áreas sensíveis e treinamento conjunto das equipes de emergência com as equipes de fauna, como previsto por Lei, trazendo as informações do que fazer para interromper o vazamento, conter, recolher; quais recursos estão disponíveis para as ações de respostas; qual tendência do deslocamento e procedimentos mais adequados para a limpeza das áreas atingidas.
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