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Foto do escritorDouglas Sant' Anna

Depois da seca, a chuva

A seca que afetou o Brasil nos últimos meses não foi a primeira ocorrência deste seguimento. No verão de 2014 houve a mais intensa e duradora dos últimos 50 anos, afetando principalmente o Sudeste com cerca 80 milhões de pessoas, sendo responsável pela produção de 60% das riquezas nacionais, além de boa parte da eletricidade do país.

De posse das estatísticas, podemos notar o quanto somos impactados por este tipo de fenômeno que gera danos sociais, ambientais, econômicos e podendo até definir o futuro de cidades. Como exemplo, temos a civilização Maia que por volta de 1.000 a.C. e 900 d.C., teve que abandonar (de forma gradual) suas principais cidades deixando o posto de “a mais importante da América Central” e se tornando pequenas aldeias devido a períodos de seca extrema.

Em Minas Gerais os reflexos causados pela seca podem ser sentidos através problemas como a baixa umidade e o calor, se assemelhando em algumas localidades ao clima de deserto marcando uma das mais altas temperaturas do ano chegando a 41,5ºC na cidade de São Romão, norte de Minas. Além da temperatura a cidade e outras cinco (Mocambinho, Pirapora, Montalvânia, Paracatu e Unaí) também apresentaram problemas relacionadas a umidade relativa abaixo de 10%.

Após a seca, queimadas, fumaça e, por consequência, as doenças respiratórias que marcaram bem um período de mais de 120 dias sem uma gota de água caída dos céus, as chuvas chegam, ainda tímidas em algumas partes e em outras em forma de tempestades gerando novos transtornos como a que afetou Mariana no dia 20 de agosto e diversas outras cidades, onde veio acompanhada por ventos e granizo. Novamente, prejuízos para a população por destelhamento, queda de arvores, entre outros problemas.

A transição do período é acompanhada da implantação de ações para a nova etapa nas unidades de Defesa Civil a fim de se moldarem às novas situações, riscos e causadores (onde antes a predominância era a ausência de água, agora este é o impulsionador, somados a granizo e raios). Em diversas cidades brasileiras já se inicia a apresentação do “plano de chuvas”, que prevê as medidas de prevenção e respostas a eventos climáticos e a possíveis ocorrências causadas pelas chuvas com a finalidade de minimizar seus impactos.

A exemplo de apresentação de planos para o período chuvoso, a cidade de Belo Horizonte que sofre há muito tempo com alagamentos de vias e outros problemas causados por eventos pluviométricos. Em entrevista, a Defesa Civil da capital mineira apresentou ações inovadoras e tecnológicas para aumentar a capacidade de propagação dos alertas para enfrentamento do período chuvoso. Além da continuidade de emissão de alertas via mensagens de SMS, estão sendo implantadas medidas de divulgação por meio do sistema de som dos trens e nas 19 estações, painéis do aeroporto internacional Tancredo Neves, no aplicativo Waze, haverá alertas preventivos e bloqueios de vias e por mensagens replicadas por canais televisivos pagos (canais de tevê à cabo fechada).

É importante que, além da preparação para as ocorrências, as unidades de Defesa Civil compreendam e acompanhem as mudanças climáticas para o melhor emprego de recursos tecnológicos, com o objetivo de criar mecanismos para prevenção com maior antecedência e precisão e aproximarem-se das comunidades ampliando sua capacidade e eficácia no atendimento à população. Desta forma, serão capazes de estabelecer parcerias para a difusão de conhecimentos e alertas preventivos, impulsionando a mudança de cultura na prevenção e percepção dos riscos de todos os envolvidos e reforçando ações que corroborem com as recomendações do marco de Sandai, que atualmente é um dos principais instrumentos de orientação para redução de riscos de desastres utilizados por países membros da Organização das Nações Unidas (ONU).

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