Em 2013, os Estados do Espírito Santo (24 mortos e 44.577 desabrigados/desalijados) e Minas Gerais (22 mortos, 150 feridos, 12.220 desabrigados/desalojados) foram afetados por eventos climáticos, dando origem às chuvas intensas, gerando alagamentos, enchentes, deslizamentos, acarretando mortes e prejuízos à população.
Atualmente, o período das chuvas se inicia marcado por situações que nos remetem ao episódio ocorrido no passado, como as chuvas que atingiram o Estado do Espirito Santo nestes últimos dias, deixando mais de 1,6 mil pessoas fora de suas casas. Em Vitória, devido ao risco de deslizamento, chegaram a emitir alerta para 11 bairros, sendo que ao todo são 25 áreas de risco, onde vivem mais de 6.600 pessoas.
É importante ressaltar que o deslizamento normalmente é um dos maiores riscos deste período seguido por inundações, além de ser considerado um dos mais preocupantes por se tratar de um evento rápido, e que em sua maioria não apresenta sinais prévios, dificultando a fuga.
As chuvas também corroboram para outro risco, que tomou maior notoriedade após os ocorridos em Mariana e Brumadinho: as barragens. Desde o início das chuvas já deram sinais a da cidade de Santa Leopoldina no Espirito Santo, onde duas unidades apresentaram risco de rompimento, levando os bombeiros militares a realizar análises técnicas em função da situação. Segundo os militares, no momento, em uma delas o problema já foi resolvido, enquanto a outra aguarda resultado da análise.
Não obstante, as chuvas deixam em alerta todas as cidades, já que em nosso país o principal índice de ocorrências de desastres são as chuvas, embora apenas potencializem as vulnerabilidades existentes. Fato é que as chuvas, por si só, não seriam capazes de gerar tantos transtornos (exceto em casos extremos de grandes tempestades ou eventos atípicos) se não houvesse moradias inseguras, ausência de obras eficientes e preparo das equipes e comunidades.
Nos últimos meses as cidades apresentaram seus planos de contingência para as comunidades, dando visibilidade e estreitando a relação entre a Defesa Civil e os demais atores. Entretanto a população que já fora vitimada por desastres, via de regra, não participa da criação (elaboração) destes planos de contingência, embora tenham conhecimento das dificuldades e consequências dos desastres. Este fato talvez seja a principal causa da ausência na apresentação desta ferramenta, que é como um “roteiro” a ser empregado para atendê-los em caso de um evento de risco.
Melhor seria se, além de criado por “mil mãos”, ou seja, pela Defesa Civil, população, secretarias etc. os planos de contingência fossem não só publicados mas amplamente divulgados por diferentes mídias e massivamente replicados nas escolas, afim de que assegurasse do mais novo ao mais velho, conhecimento suficiente para garantia de suas vidas.
Por fim, sabemos das drásticas mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global e de suas consequências irreversíveis. Cabe à população e ao poder público mais que a reflexão sobre a repetição dos mesmos problemas ano após ano, mas a mobilização para que haja prevenção bem elaborada e genuína.
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