top of page
Foto do escritorDouglas Sant' Anna

Abrigar? Acolher e cuidar sempre!

Os abrigos temporários são locais destinados a acomodar com segurança famílias que tiveram moradia comprometida, como os últimos que envolveram barragens, exigindo a retirada de milhares de pessoas de seus lares no Estado de Minas Gerais.

As evacuações em casos de ocorrências consumadas ou de forma preventiva em relação a possíveis desastres, tem importância imensurável na garantia da segurança e preservação da vida da população em vulnerabilidade. Entretanto, devemos pontuar que, ao sair de seu lar, a vítima é acometida de medo e incerteza a respeito de seu futuro: se haverá retorno ao seu lar e, mesmo retornando, se haverá garantias reais de segurança em relação aos riscos e se a iminência do risco anterior afetou (ou afetará) sua vida.

Quando a remoção se torna inevitável algumas dúvidas se tornam latentes como: o tempo que durará, se haverá segurança para os bens deixados para trás, quais serão as medidas adotadas com seus animais, além da confiança nas informações e nas instituições envolvidas e muitas outras que levam a cogitar até a inviabilidade de ir para o abrigo.

Quando falamos em desabrigados, desalojados ou deslocados, lembramos das pessoas em abrigos temporários: quadras, ginásios, igrejas, escolas, entre outros, tendo limitações e passando por dificuldades por terem que viver em locais adaptados e com grandes concentrações, gerando insegurança, desconforto, conflitos, impactos psicossociais e outros possíveis problemas. Já quando ocorrem desastres sócio tecnológicos como os ocorridos em Mariana e Brumadinho, ou em caso de risco como Barão de Cocais, Itatiaiuçu e Nova Lima onde utilizaram hotéis afim de abrigar, normalmente pensam que não existe a necessidade de processo logístico humanitário, porque inconscientemente nos remetemos aos confortos dos quartos de hotéis, pousadas ou pensões e a regularidade de refeições, o que não condiz com a verdade.

No Brasil os casos de barragens não são os únicos a exigir a implantação de abrigos temporários ou obrigar famílias a saírem (temporariamente ou definitivamente) de suas casas, as chuvas, anualmente, fazem com que milhares de pessoas vivam nestas condições. Além disso, temos também o fluxo migratório na fronteira do Brasil com a Venezuela devido à crise no país vizinho, levando mais de 5.400 imigrantes a buscarem auxílio nos 13 abrigos públicos, onde 07 já estão lotados e os demais parcialmente, na região de Roraima.

Além do emprego de abrigos em situação de desastres, podemos ver que existem outras possibilidades para sua implantação em favor da população vulnerável à moradia, como no caso da cidade de Jaú, no Rio Grande do Sul, que abriu as portas do ginásio municipal para abrigar moradores de rua com animais de estimação durante o rigoroso inverno. Os usuários foram devidamente cadastrados e receberam um Kit com cobertores, toalhas e material de higiene, além de alimentação e roupas.

Em qualquer forma de abrigamento, seja em hotéis ou acampamento, é necessário atender demandas específicas para minimizar impactos ou novos problemas como: acompanhamento médico e/ou psicológico, alimentação complementar para crianças e idosos, lavagem de roupas e locais para acondicionamento de recursos como roupas, calçados, já que nem sempre os locais estão aptos para este fim.

As soluções apresentadas, via de regra, são ineficazes, pois não levam em consideração a cultura, crença, costumes, características sociais, idade, gênero, entre outros que deverão ser compreendidos para diminuir os impactos nas vidas dos afetados.

Proporcionar abrigamento a pessoas afastadas de sua residência e muitas vezes separados de seu grupo familiar e amigos, além de abalados emocionalmente exige amparo humanitário. Sendo fundamental ações que garantam o acolhimento digno e necessário para a reestruturação e melhorias para o retorno ao seu cotidiano e meios para recomeçarem.

58 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Commentaires


bottom of page