Crianças: de vítimas a heróis
- Douglas Sant' Anna
- 16 de out. de 2019
- 3 min de leitura
Os desastres têm ocorrido com maior intensidade devido a diversos fatores que incluem em sua lista a mudança climática como uma das principais causas (se não for a maior), trazendo consigo grandes danos e afetando a sociedade como um todo. Entretanto, podemos notar que alguns membros específicos desta sociedade têm maior sensibilidade diante destes eventos apresentando uma maior vulnerabilidade e exigindo uma atenção especial em todas as etapas de atendimento dos órgãos e instituições responsáveis por sua segurança.
No mês de outubro, comemora-se o Dia Internacional de Redução de Desastres e o Dia das Crianças, duas datas que devem ser integradas para promover ações de prevenção, resposta e recuperação considerando, além da probabilidade da ocorrência (independentemente de sua origem natural ou tecnológica), o quanto estamos preparados para atuar ágil, coordenada e sincronizadamente com outros processos necessários.
É importante lembrar que a vulnerabilidade pode se agravar ao ser considerada a situação socioeconômica destas crianças e suas famílias, devido as condições de moradia que em sua maioria não tem estrutura adequada, insegurança alimentar que gera impactos diretos na saúde e perda de renda, aumentando assim os reflexos e resultando em maior impacto.
Devemos então assegurar a proteção integral, não havendo flexibilidade de direitos, garantindo a integridade física e psíquica, respeitando a cultura e os costumes, além de extinguir qualquer forma de discriminação ou limitação que possa atingi-los.
Frente a grave situação ocorrida em desastres como na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, em 2011, é que pode se identificar a problemática da vulnerabilidade que não se restringe apenas à crianças, também a adolescentes, idosos e pessoas com deficiência, exigindo a criação de medidas pelos Órgãos Governamentais através de Comitês emergenciais de proteção à infância e adolescência nas cidades mais atingidas que, posteriormente, resultou no Protocolo Nacional Conjunto para Proteção Integral a Crianças e Adolescentes, Pessoa Idosas e Pessoas com Deficiência em Situação de Risco e Desastres.
As crianças são mais suscetíveis aos impactos do que adultos em situações de emergências, demostrando serem altamente vulneráveis aos desastres, devido a diversos fatores, principalmente, seu estado de desenvolvimento fisiológico e social, podendo gerar complicações que ultrapassam os sintomas visíveis e sentidos imediatamente após o corrido, podendo se estender a longo prazo com reflexos na saúde, cultura, renda e inclusive de subsistência de forma devastadora no futuro destas crianças.
A situação destas são agravadas perante os desastres quando os mecanismos são ineficientes e possibilitam a violação de direitos em situações como a exposição indevida de imagens nas mídias, negligência por familiares ou pela sociedade, falta de segurança e da privacidade, colocadas sob estresse individual ou generalizado, risco de violência sexual, trabalho infantil ou que possibilite o acesso a drogas. Desta forma, os órgãos públicos devem desenvolver medidas eficazes para garantia dos direitos, principalmente, em ações de prevenção e orientação das comunidades de forma a evitar o risco através de mecanismos que transformem as crianças em peças fundamentais de segurança por projetos que os capacitem a ponto de reduzir sua vulnerabilidade.
Portanto, as crianças devem ser convertidas de “Vítimas” para “Colaboradores”, sendo inseridas no processo como a maior “ferramenta” para a mudança de cultura em todas as etapas dos desastres, transformando a vulnerabilidade em prevenção, através de campanhas educativas, capacitações, ou até mesmo na implantação de “NUDECs jovens” resultando em ações eficazes em prol da segurança da sociedade onde estão inseridos.
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