As secas, e consequentemente as queimadas, não são novidade nas causas de desastres, muito pelo contrário, são fenômenos que tem afetado vidas no passar dos anos em todo País e em diversos lugares do mundo. Inclusive, no Brasil, a seca é um fator importantíssimo na história da evolução da Defesa Civil Brasileira, pois foi em função das grandes secas na região Nordeste e cheias na região Sudeste (na década de 60) que o governo brasileiro criou o Ministério do Interior definindo suas funções nas áreas de resposta e atendimento as populações afetadas, não mais pela guerra, mas por desastres causados por inundações, secas e epidemias.
Este problema é um fenômeno ambiental com consequências negativas, como a aceleração do êxodo rural da população afetada, gerando impactos econômicos, sociais e políticos. As necessidades dos afetados passam pela distribuição de recursos naturais, sobretudo de água, tornando inviável a permanência para a porção mais pobre da população além da garantia dos direitos mínimos nestas localidades. Este ano a seca ameaçou a vida de 15 milhões de pessoas no Chifre da África (Quênia, Etiópia e Somália), a escassez de chuva deixou 7,6 milhões de pessoas em risco de fome extrema.
Quando falamos de seca no Brasil nos remetemos a região Nordeste, realmente lá está localizado 50% deles, entretanto, em segundo lugar vem a região Sudeste com 26,91%. No final da estação de seca (este mês), a Defesa Civil Estadual de Minas gerais apresentou projeto afim de garantir água às famílias da zona rural de 64 municípios mineiros, investindo R$ 4,8 milhões nesta operação.
Desta forma, podemos notar que em nosso país temos períodos bem marcantes na vida de nossa população, seja das águas ou da seca, afetando de forma gravíssima seu cotidiano, podendo se agravar às situações trágicas, com vítimas fatais. São períodos que exigem medidas preventivas, ações de resposta rápidas, sistemas de minimização de impactos, planos de contingência eficazes, preparo das equipes e da população, além de informações precisas e seguras.
Normalmente vemos uma preocupação grandiosa para o período das chuvas e não tão relevante para a de seca, entretanto este fenômeno traz problemas seríssimos como: diminuição dos níveis dos rios e lagos comprometendo o abastecimento de água e energia em algumas localidades e podendo afetar a saúde; risco de erosões; comprometimento da produtividade e cultivo das plantações; impactos na criação de animais; aumento das queimadas e incêndios florestais.
A situação das queimadas é tão complexa que o Brasil atingiu a marca dos 102.786 focos, equivalente ao número registrado em 2012. Além do Brasil, o mundo arde em queimadas como as florestas na Rússia, na Ásia e na África. Apenas no primeiro semestre já foram mais de 5.577 incêndios no Estado mineiro, o que representa aumento de 32% se comparado no mesmo período do ano passado (lembrando que o período de seca na região Sudeste normalmente vai de abril a setembro). Este ano os focos de incêndios chegaram a 87% a mais do que o ano passado e teve como protagonista nas mídias o caso da Amazônia, gerando implicações políticas, econômicas, climáticas etc.
Os fenômenos estão ligados diretamente a crise climática que afeta os padrões de chuvas em diversas regiões, tornando as temporadas de secas mais severas e colocando em perigo a vida de milhões de pessoas. Estes eventos são alimentados pela ambição econômica, imposição cultural e até mesmo pelo ciclo de ocorrências sem a devida reconstrução, impulsionado pela lentidão e ineficácia nas ações para mínimas estes impactos, além do repetido atraso histórico nas execuções de programas de Defesa Civil.
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