Normalmente, durante os desastres a maioria das comunidades e/ou regiões vulneráveis são afetadas, obrigando ações imediatas (que podem ser minimizadas a partir de ações preventivas). Em todos os casos, haverá necessidade de profissionais de diferentes qualificações e conhecimentos que, nem sempre, a estrutura governamental é capaz de suprir. Desta forma, os voluntários desempenham papel significativo no processo desde a prevenção até a recuperação.
Apesar da necessidade de mão de obra ser evidente tanto no quantitativo quanto na diversificação de demandas a serem supridas, não é simples extinguir esta problemática mesmo tendo a solidariedade como gatilho, que via de regra, resulta na disponibilização de serviços voluntários. Entretanto, não é tão simples ingressar no processo para auxiliar nos desastres de forma técnica e, por este motivo, cria-se fracionalização da força e a pulverização de informações, constituindo serviços paralelos como diversos pontos de apoio e equipes técnicas independentes, ou ainda, ajuda humanitária por identificação como, por exemplo, a religiosa.
Os trabalhos independentes, sem integração entre si e com as demais forças, geram conflitos que podem afetar inclusive os atendimentos, resultando sobrecarga em um ponto e desabastecimento em outro, ou ainda a subutilização de equipamentos e profissionais aptos para determinadas empregabilidades.
Verifica-se que ainda há a dificuldade de compreensão de ambos os lados, seja daqueles que estão na gestão do processo ou para aquele que quer voluntariar, no que diz respeito ao entendimento do que é o serviço voluntariado. Elucidando as dúvidas, Shin e Kleiner (2003) define “ser qualquer pessoa que se oferece a um serviço sem uma expectativa de compensação monetária”.
Apesar do aumento de pessoas interessadas em contribuir com serviços voluntários de forma a atender determinadas regras e demandas, também encontramos aqueles que vão para fazer “o que querem” ou utilizar a circunstância apenas para auto promoção, e isso não é exclusividade de pessoas físicas, também de pessoas jurídicas que desempenham um interesse maior que a disponibilidade e com o único foco: marketing.
Na Europa, o papel do voluntariado é reconhecido de forma extremamente positiva há muito tempo. Em muitos países, o voluntariado foi institucionalizado em comunidades através da participação dos seus membros, inclusive na Alemanha, por exemplo, existem milhares de bombeiros voluntários (pois apenas as cidades com mais de 200 mil habitantes têm a necessidade de terem quarteis de bombeiros profissionais pagos e mantidos pelo poder público).
Já no Brasil, em menor escala, podemos citar diversos Estados que contam com os trabalhos de profissionais voluntários como Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que apresentam um grande quantitativo de Bombeiros Voluntários que desempenham um papel crucial como na Europa, no sentido de proteção de suas comunidades.
A participação voluntária não deve ser exclusividade apenas daqueles que se sensibilizam com a causa, mas principalmente por aqueles que convivem com os riscos. Quando os desastres ocorrem em comunidades afetando a normalidade, consequentemente torna os cidadãos locais os primeiros a responderem aos impactos, seja de forma ativa auxiliando na evacuação e prestando atendimentos, ou de forma passiva acionando as unidades de emergência e aguardando os atendimentos.
Com isso, é notório a importância de ter as comunidades como aliadas das Defesas Civis, demostrando a necessidade de estarem capacitadas, informadas e preparadas para enfrentar situações críticas, conhecendo as realidades, a operacionalidade e as responsabilidades dos atores envolvidos.
Comments